
O QUE DIZEM SOBRE NÓS
“Para mim, a Companhia Caótica foi uma das mais brilhantes revelações de 2015.
Poemas para bocas pequenas, co-criação de Margarida Mestre e António-Pedro, foi um regalo de humor e inteligência, um concerto de uma inesperada ambiência indie, muito cool, muito entusiasmante e delicioso para todas as idades.
Na barriga, de Caroline Bergeron, é um delicado poema-teatral, uma ode visual ao nascimento de um bebé. Didáctico, despudorado, inteligente, simples e despretensioso: tremenda e subtilmente eficaz.
Mas confesso que o meu entusiasmo em relação à Caótica se deve sobretudo ao espectáculo Sopa Nuvem: um thriller gastronómico (vencedor do prestigiado prémio Momix 2014), concebido por Caroline Bergeron e António-Pedro. Sopa Nuvem é um espectáculo raro, de honesto e sincero que é. É também um daqueles espectáculos que levanta uma questão nada despicienda: para quem é o espectáculo dirigido – para as crianças ou para os pais? Não é uma questão que seja motivada pelo confronto com as mesmas estratégias narrativas do universo Pixar, onde se apresentam filmes claramente dirigidos a públicos juvenis com subtis e imperceptíveis piscar-de-olhos aos pais... Em Sopa Nuvem não há piscar-de-olhos – toda a estrutura dramatúrgica do espectáculo assenta nesta derrapagem e cumplicidade entre todo o público, não importa qual a idade.
É, com efeito, um espectáculo poderosíssimo, indispensável – a meu ver – para qualquer idade. (…)
Terno, engraçado, nostálgico, sombrio, misturando eventos da vida real com uma narrativa borgesiana (elíptica e labiríntica), é um espectáculo para todos aqueles que já perderam um pai; para aqueles que têm medo de vir a perder um pai; para aqueles que são pais e que se preocupam com o futuro; para aqueles que cozinham para as suas famílias; para aqueles que estão determinados a aprender a cozinhar um dia destes... Mas é sobretudo para aqueles que não prescindem de um belíssimo e inesquecível espectáculo de teatro. Este espectáculo transforma numa sopa quentinha todas as dúvidas sobre o futuro, sobre a perda de modelos e sobre a angústia de ter de educar os filhos num mundo perfeitamente caótico e assustador. Tudo isto misturando, a gosto, o medo da morte com o desejo de gozar a vida e baralhando o individualismo e o recolhimento ao espaço doméstico com a necessidade de tocar e ser tocado pela vida dos outros... Da sopa sobra uma lição muito importante: viver não é coisa simples nem fácil, mas a vida há que ser vivida, estejamos nós prontos ou não.”
RUI PINA COELHO
Crítico e dramaturgo
“De que tempos falamos quando ouvimos que a Caótica vai ter uma festa de 10 anos? Dos mil fragmentos expulsos da memória densa, saiu “emoções e alimento”. Nas quatro mãos desta dupla, António-Pedro e Caroline Bergeron, moldam-se blocos espaçotempo imaginados que elas recortam cuidadosamente da vida e do mundo para pousá-los numa assembleia que constrói e agencia novas formas de estarmos juntos.
Eles teimam em escapar às categorias e grelhas que jamais estarão neste caos bom, a não ser com todas as suas paredes demolidas; são corpos “teimosos” e “resistentes” que, na arte, descobrem a frecha de luz para entrar numa “casa” onde se espraia o que de mais humano há, o que nos faz sentir mais perto e mais nós. Por isso, há de tudo: amor e perda, alegria e desgosto, afeto e zanga, memórias comuns... As sábias pinças de veludo da Caótica permitem não deixar nada, de nenhuma vida, de fora.”
MADALENA WALLENSTEIN
Coordenadora FÁBRICA DAS ARTES do Centro Cultural de Belém
“Tenho acompanhado de perto a Caótica desde a sua fundação. Evidencio a consistência do seu trabalho no campo da criação artística para a infância e juventude, elogiado pelo público e pelos pares, comprovado na circulação tanto nacional como internacional associada a organizações culturais de referência.
Destaco ainda a dimensão social e educativa do seu trabalho em projectos especiais desenvolvidos com a comunidade e para a comunidade, muitas vezes em contextos carenciados, bem como a capacidade de iniciativa da Companhia Caótica na organização de eventos dirigidos à comunidade artística no intuito de promover a reflexão, o debate e a experimentação artística, partilhando recursos, inquietações e saberes no intuito de qualificar e dar visibilidade à produção artística para a infância.”
MARIA de ASSIS
Programadora e Gestora Cultural

